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3 de fevereiro de 2016

Segundo artigo da trilogia sobre o Céu: Antessala do Céu

Antes de iniciarmos com Santa Teresa D'Ávila nossa reflexão sobre a possibilidade do encontro com Deus ainda em vida, penso que seria oportuno e duvido que se arrependam de dar uma passada em um lugar extraordinário visitado espiritualmente por São João Bosco (1815-1888), cujo dia celebramos no último dia 31.

Estando Dom Bosco em suas reflexões e orações noturnas, sem recordar-se se já havia deitado ou não, viu-se em um lugar desconhecido, porém incomparavelmente belo, a escutar cantos e sons da natureza numa harmonia que sequer ao mais harmônico dos cantos que houvesse escutado, nem minimamente, poder-se-ia comparar. O santo italiano chamava a tais revelações particulares: sonhos, contudo, ao mais distraído de seus ouvintes ou leitores ficava evidente tratar-se de visões extraordinárias, precisas inclusive quanto às profecias que habitualmente lhes acompanhavam. Tudo concedido por Nosso bom Deus a fim de que os descrentes passassem a crer e os católicos permanecessem inabaláveis em sua crença, até a partida para a terra dos santos.

Os séculos XVIII e XIX, este último o século em que viveu Dom Bosco, foram conturbados do ponto de vista intelectual. Muitos filósofos que se autointitulavam iluminados, viveram para chamar de trevas tudo que lhes fosse oposto e, nesse sentido, a primeira a ser combatida era a Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo (nada mais óbvio do que o príncipe das trevas, que outrora fora anjo de luz – Lúcifer – em uma completa inversão de valores e conceitos, tentasse ofuscar a Luz do Mundo). Dom Bosco previu, em outra visão que não esta que estamos a estudar, os inúmeros ataques que sofreria a Igreja de Cristo, por conta das ideologias/filosofias/religiões surgidas em seu tempo, isto é, o santo previu que a barca de Pedro, aos 1800 anos de idade, estava prestes a afundar e era atacada não apenas com armas, mas com livros incandescentes, ou seja, muitos morreriam, outros tantos perderiam a fé, mas a barca, conforme prometido por Nosso Senhor, jamais afundaria e, neste momento histórico preciso, seria amparada, sob o comando do Papa, a duas inabaláveis colunas: Eucaristia e Nossa Senhora. É desse tempo a origem do ateísmo e do relativismo de forma sistemática e fundamentada que viria a tomar conta de nossas universidades, de nossa mídia e, de modo geral, de nossa cultura atual, ou seja, sofremos até hoje, as consequências drásticas desses dois séculos. Também nesse tempo surgiram o espiritismo kardecista – Alan Kardec: 1804-1869, foi um filósofo iluminista francês *(e aqui cabe uma breve nota explicativa que opto por inserir no final do artigo), o Comunismo, as bases filosóficas do Nazismo e toda essa onda de imoralidade que pareceu espontânea por parte dos jovens, sobretudo nos anos 60 do nosso último século (Woodstock & Cia Ltda.), mas que na verdade, foi pensado e planejado por filósofos contemporâneos de Dom Bosco, isto é, os jovens pelados e fumadores de maconha, esbravejando “façam amor, não façam guerra” nos anos 60 nada mais eram do que marionetes de tais filósofos anteriores e estes, por sua vez, marionetes do capeta.

Enfim, fujamos desse “meio inferno terrestre”, que nos serviu apenas para contextualizar o tempo em que viveu Dom Bosco e voltemos à visão do santo… Em meio a tanta beleza que seus olhos contemplavam naquele “sonho”, eis que lhe aparece São Domingos Sávio, o jovem falecido aos 15 anos de idade com fama de extrema santidade, que fora seu aluno e cujo lema de vida, determinado e irresoluto era: “antes morrer do que pecar!”. O jovem aparece-lhe majestoso, com um brilho inenarrável oriundo de sua pureza, acompanhado de outros santos(as) igualmente felizes, porém, não tão luminosos, contudo, se comparados a qualquer brilho ou beleza terrena, todos eram de um fulgor estonteante e São João Bosco, atordoado, não sabe o que dizer ou perguntar. Gagueja, porém, encorajado por seu ex-aluno, cria coragem e pergunta se tudo aquilo que ele via era o Céu. O jovem responde sorrindo que aquilo andava longe de ser o Céu, era apenas a beleza natural, ou seja, não havia sequer algo de sobrenatural na visão, mas somente beleza natural aperfeiçoada pela onipotência divina. São João Bosco insiste a respeito dos sons e dos cantos que ouvia, o jovem responde que tampouco esses sons eram celestiais, mas à semelhança das imagens que via, eram naturais, contudo, levados à perfeição graças ao poder de Deus. Dom Bosco então, ousa pedir que lhe seja apresentado um mínimo fio de luz do Céu (do próprio Céu), Domingos Sávio o recusa, afirmando que nenhum olho humano, por mais santo que fosse, seria capaz de contemplar o Céu sem cair, instantaneamente, morto. São Domingos Sávio concedeu, porém, que Dom Bosco vislumbrasse, bem ao longe, no horizonte, um discreto fio de luz que, segundo ele, era ainda natural e não propriamente celeste (ainda que desconhecido dos humanos vivos). São João Bosco então, ao notar aquela luz, grita e quase desfalece (seu vizinho de quarto, no dia seguinte lhe questionaria sobre o que haveria passado àquela noite com o santo, pois ouvira gritos ensurdecedores…).

A partir desse pequeno trecho da visão, parece-nos mais fácil compreender Nosso Senhor quando diz: “o que os olhos não viram e os ouvidos jamais ouviram, eis o que nosso Pai no Céu está preparando para aqueles que O amam!” A visão de Dom Bosco encerra-se com algumas profecias que ocorreriam ainda naquele ano, todas elas, uma a uma, concretizam-se tal qual revelado. Quem tiver interesse em conhecer mais profundamente esta visão, recomendo a leitura de “Céu, Inferno e Purgatório” de São João Bosco. Enfim, concluímos a reflexão de hoje e nada de Santa Teresa D'Ávila, certo?! Mas prometo que na próxima reflexão, encerraremos essa “trilogia do Céu” adentrando o castelo proposto pela Santa Doutora. Rezemos e peçamos auxílio à graça divina até lá!

Na paz de Jesus e no amor de Maria,
Jeansley de Sousa



*Não obstante o respeito necessário entre as pessoas que professam diferentes crenças, todo católico deve saber o porquê de sua fé e o porquê da incompatibilidade do relativismo (todos caminhos levam a Deus) com esta mesma fé. Do mesmo modo, não é possível crer na ressurreição da carne e na reencarnação; nem é possível praticar ou admirar a necromancia (consulta aos espíritos dos mortos) e ao mesmo tempo, fundamentado nas Sagradas Escrituras, abominá-la com Deus a abomina; também não é possível crer que o sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo (e somente dEle) seja necessário e suficiente para “re-unir” Deus e homens exatamente por este Senhor comportar em si a natureza divina e humana e, ao mesmo tempo e sem ver contradição nisso, crer que Ele seja apenas um grande homem, um espírito de luz (mas não Deus). As diferenças doutrinárias existem tanto em relação a kardecistas (nascidos no século XVIII), como brevemente expostas aqui, ou quanto ao protestantismo (do século XVI), ou mesmo o Islamismo (surgido no século VIII) e, sem prejuízo, vale em relação a espiritualidades pagãs originadas muito antes de Cristo e da Igreja Católica e que permanecem até os dias atuais (necromancia, adivinhação, astrologia, budismo etc.). Respeitemos as pessoas mas jamais admitamos que tudo seja verdade. Pois, se tudo (ainda que absurdamente contraditório) for verdade, então nada mais é verdade!

Em suma, respeito não é o mesmo que sincretismo religioso. Cremos em um Deus que se fez homem e que nos garantiu ser Ele próprio O Caminho, A Verdade e A Vida, assegurando-nos que ninguém vai ao Pai senão por Ele, e é por esta verdade que milhões de católicos deram e continuam dando suas vidas. Seria, portanto, deslealdade à nossa fé e a esses incontáveis mártires que nós, em nome do politicamente correto, deixássemos de professar nossa fé de forma genuína, aderindo a um “sincretismo religioso de boa vizinhança” que não faz mártires e não nos conduz pela porta estreita do Céu, faz apenas “políticos e atores” (nos sentidos amplos das palavras) e os conduz todos pela porta larga...

Um comentário:

  1. Após o sermão da montanha, se não estou enganado, muitos comentavam com Jesus quem poderia ir para o céu!!! Jesus respondia dizendo que realmente para o homem era impossível, mas pela infinita misericórdia de Deus o homem poderia alcança-lo. Por muito tempo interpretei de forma errada essa passagem, com a leitura dessa segunda reflexão agora entendo o que Cristo quis dizer.

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