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30 de março de 2015

Reflexão sobre a nobreza dos filhos de Deus

Ouvindo esses dias algumas canções de Renato Teixeira, chamou-me atenção a simplicidade de suas músicas. Elas sempre parecem narrar vidas simples, do sertanejo, no campo... apreciando o canto dos pássaros e a beleza da natureza. Contudo, sempre que o assunto é família, Igreja, orações, procissões e Missas. Tudo, por mais modesto que seja, ganha nobreza e a simples casinha branca vira castelo... Hora de colocar “meu terno riscado, uma flor do lado e meu chapéu na mão.” Faz pensar que podemos (e devemos) ser nobres, ainda que vivamos toda a vida na pobreza e simplicidade de um "caipira pira pora". As maiores riquezas que se possam almejar, é o próprio Deus quem dá e se soubermos valorizá-las, somos nobres e ricos de tudo o que mais importa!


A singeleza das canções, aliada à nobreza do encontro dos filhos de Deus com o próprio Deus em nossas paróquias, sobretudo na Eucaristia, faz refletir sobre a inversão de valores notadamente forjada em nossos tempos pela teologia da libertação... Afinal, se aturar pobre que vive se fingindo de magnata, bebendo 51 e arrotando Whisky, é um saco; imagina ter de aturar a nova onda do momento: rico bancando o pobretão? Andando sujo e mal vestido de propósito e tentando convencer o mundo de que o exótico é belo. Pois então, essa realidade saiu das ruas e entrou na Igreja. Sabe aquele tipão que tem até uma vidinha mais ou menos, mas na hora de ir para a Santa Missa, em nome da “humildade” coloca um chinelinho de dedo, um bermudão surrado e uma camisa de time, partido político ou movimento social (geralmente vermelhas, para identificar-se com o “povo”)? Sem comentários... A verdadeira humildade é tudo! Falo aqui da autêntica humildade... Ela, sim, é tudo! Ser humilde é ser o que se é, de fato. Sem querer parecer o que não é. Engana-se o cidadão que julga-se humilde por tentar aparentar mais pobre do que realmente seja (como se fosse participar do programa da Regina Cazé); ainda mais em se tratando de um encontro nobre entre filhos de Deus com o próprio Deus. Em ocasiões tão sublimes com esta, aqueles que só conseguem tomar banho uma vez por semana, que esta vez seja no domingo antes da Santa Missa; que o mendigo vista o melhor trapo e que o barão vista o melhor terno. Não é assim que se faz quando se vai a uma reunião de negócios, uma entrevista de empregos, ou em um encontro romântico para impressionar a pessoa amada? Por que há de ser diferente quando vamos nos apresentar diante do Altíssimo, em seu templo?


Lembro-me da leitura de uma biografia de São Francisco de Assis, que narra que o santo ao encontrar um casebre abandonado onde faria sua sede, encantou-se como quem encontra um majestoso castelo. Tratou imediatamente de limpá-lo e cuidar de pequenas reformas que já estavam ao alcance de suas mãos, transformando aquele lugarejo simples e abandonado em um aconchegante lar. Faltava luxo, porém, sobrava nobreza! Ele e seus irmãos eram pobres mas eram limpinhos. Leprosos, entre eles, ganhavam a dignidade que haviam perdido, e todos esses homens de Deus andavam com a serenidade dos reis, ainda que não possuíssem absolutamente nada. Assim é Cristo e seu Evangelho, mesmo em meio às favelas e aos mendigos, faz com que cada ser humano extraia o melhor de si. É sempre nobre e belo, por paupérrimo que seja.

Tenho também, sempre em mente, a imagem de Padre Pio, caminhando entre a multidão de fiéis em sua cidade na Itália (em meados dos anos 60). Abençoando dezenas, senão, centenas de homens com seus ternos engomados e seus chapéus na mão, como diz a canção; e as mulheres, por sua vez, com seus longos vestidos e seus véus cobrindo a cabeça, em sinal de extremo respeito pela casa de Deus. Via-se que dentre esses homens e mulheres havia muita gente simples, mas que não confundia simplicidade com desleixo, esforçavam-se para dar a dignidade que o ambiente merece e estavam todos felizes por isso. Parece que nossa sociedade moderna perdeu essa magnanimidade. Trocou-a pela pseudo-humildade de teólogos engajados ideologicamente, ou em políticos e movimentos sociais que têm ditado a moda até dentro de nossas igrejas. Frente a esse cenário, em que nossas igrejas têm sofrido com a banalização e a dessacralização, quem, de nossos leitores, topa iniciar uma retomada de nossa bela cultura de honra e respeito máximo a Nosso Senhor em nossas paróquias? Devagar, aos poucos, com paciência, exemplo e oração... Alma por alma, tijolo por tijolo, como São Francisco... Que este singelo artigo consiga inspirar algumas almas em diferentes pastorais e movimentos da Santa Igreja pelo retorno de nossa nobreza usurpada. Aquela nobreza que independe de classe social, pois brota do puro amor e respeito pelo Santíssimo Sacramento. Bom combate a todos! Nos encontraremos adequadamente trajados na Santa Missa!

Na paz de Jesus e no amor de Maria,
Jeansley de Sousa

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