Ouvindo
esses dias algumas canções de Renato Teixeira, chamou-me atenção
a simplicidade de suas músicas. Elas sempre parecem narrar vidas
simples, do sertanejo, no campo... apreciando o canto dos pássaros e
a beleza da natureza. Contudo, sempre que o assunto é família,
Igreja, orações, procissões e Missas. Tudo, por mais modesto
que seja, ganha nobreza e a simples casinha branca vira castelo...
Hora de colocar “meu terno riscado, uma flor do lado e meu chapéu
na mão.” Faz pensar que podemos (e devemos) ser nobres, ainda que
vivamos toda a vida na pobreza e simplicidade de um "caipira pira pora". As maiores riquezas
que se possam almejar, é o próprio Deus quem dá e se soubermos
valorizá-las, somos nobres e ricos de tudo o que mais importa!
A
singeleza das canções, aliada à nobreza do encontro dos filhos de
Deus com o próprio Deus em nossas paróquias, sobretudo na Eucaristia, faz refletir sobre a
inversão de valores notadamente forjada em nossos tempos pela
teologia da libertação... Afinal, se aturar pobre que vive se fingindo de
magnata, bebendo 51 e arrotando Whisky, é um saco; imagina
ter de aturar a nova onda do momento: rico bancando o pobretão?
Andando sujo e mal vestido de propósito e tentando convencer o mundo
de que o exótico é belo. Pois então, essa realidade saiu das ruas
e entrou na Igreja. Sabe aquele tipão que tem até uma vidinha mais
ou menos, mas na hora de ir para a Santa Missa, em nome da
“humildade” coloca um chinelinho de dedo, um bermudão surrado e
uma camisa de time, partido político ou movimento social (geralmente
vermelhas, para identificar-se com o “povo”)? Sem comentários...
A verdadeira humildade é tudo! Falo aqui da autêntica humildade...
Ela, sim, é tudo! Ser humilde é ser o que se é, de fato. Sem
querer parecer o que não é. Engana-se o cidadão que julga-se
humilde por tentar aparentar mais pobre do que realmente seja (como
se fosse participar do programa da Regina Cazé); ainda mais em se
tratando de um encontro nobre entre filhos de Deus com o próprio
Deus. Em ocasiões tão sublimes com esta, aqueles que só conseguem
tomar banho uma vez por semana, que esta vez seja no domingo antes da
Santa Missa; que o mendigo vista o melhor trapo e que o barão vista
o melhor terno. Não é assim que se faz quando se vai a uma reunião
de negócios, uma entrevista de empregos, ou em um encontro romântico
para impressionar a pessoa amada? Por que há de ser diferente quando
vamos nos apresentar diante do Altíssimo, em seu templo?
Lembro-me
da leitura de uma biografia de São Francisco de Assis, que narra que
o santo ao encontrar um casebre abandonado onde faria sua sede,
encantou-se como quem encontra um majestoso castelo. Tratou
imediatamente de limpá-lo e cuidar de pequenas reformas que já
estavam ao alcance de suas mãos, transformando aquele lugarejo
simples e abandonado em um aconchegante lar. Faltava luxo, porém,
sobrava nobreza! Ele e seus irmãos eram pobres mas eram limpinhos.
Leprosos, entre eles, ganhavam a dignidade que haviam perdido, e
todos esses homens de Deus andavam com a serenidade dos reis,
ainda que não possuíssem absolutamente nada. Assim é Cristo e seu
Evangelho, mesmo em meio às favelas e aos mendigos, faz com que cada
ser humano extraia o melhor de si. É sempre nobre e belo, por
paupérrimo que seja.
Tenho também, sempre em mente, a imagem de Padre Pio, caminhando entre a multidão de fiéis em sua cidade na Itália (em meados dos anos 60). Abençoando dezenas, senão, centenas de homens com seus ternos engomados e seus chapéus na mão, como diz a canção; e as mulheres, por sua vez, com seus longos vestidos e seus véus cobrindo a cabeça, em sinal de extremo respeito pela casa de Deus. Via-se que dentre esses homens e mulheres havia muita gente simples, mas que não confundia simplicidade com desleixo, esforçavam-se para dar a dignidade que o ambiente merece e estavam todos felizes por isso. Parece que nossa sociedade moderna perdeu essa magnanimidade. Trocou-a pela pseudo-humildade de teólogos engajados ideologicamente, ou em políticos e movimentos sociais que têm ditado a moda até dentro de nossas igrejas. Frente a esse cenário, em que nossas igrejas têm sofrido com a banalização e a dessacralização, quem, de nossos leitores, topa iniciar uma retomada de nossa bela cultura de honra e respeito máximo a Nosso Senhor em nossas paróquias? Devagar, aos poucos, com paciência, exemplo e oração... Alma por alma, tijolo por tijolo, como São Francisco... Que este singelo artigo consiga inspirar algumas almas em diferentes pastorais e movimentos da Santa Igreja pelo retorno de nossa nobreza usurpada. Aquela nobreza que independe de classe social, pois brota do puro amor e respeito pelo Santíssimo Sacramento. Bom combate a todos! Nos encontraremos adequadamente trajados na Santa Missa!
Na paz de Jesus e no amor de Maria,
Jeansley de Sousa
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