Ante a firmeza das palavras de Cristo, muita gente do “oba
oba” vaza!!! Sempre assim! Não é mesmo para qualquer um ser cristão! Sê-lo
significa estar em comunhão com o Criador, tal qual uma invenção humana que só
poderá atingir sua potência maior nas mãos do inventor. Temos um inventor e um
manual, entretanto somos complexos. Ante tal complexidade não basta ler e
interpretar, a bel prazer, o próprio manual: o Criador deixou-nos, além do
manual, seus técnicos em manutenção, bem como, os legítimos intérpretes de suas
regras; aqueles que, na Terra, têm o poder de ligar e desligar os
homens da comunhão com Ele, sempre em plena harmonia com Sua vontade;
aqueles cuja infalibilidade, em matérias essenciais aos humanos (fé e moral),
emana do próprio Espírito que dá vida aos homens. E nada mais é necessário!
Esse mesmo Deus, de quem discorremos superficialmente acima, quando se fez homem, ousou fazer uma afirmação no mínimo muito curiosa e polêmica: afirmar que só terá vida quem estiver nEle, alimentando-se
de seu próprio corpo e de seu próprio sangue, acabou por colocar Deus na condição de
loucura frente aos homens. No entanto, tratava-se da afirmação elementar do manual. Centro e ápice da vida humana! Na ocasião de tal afirmação, os que nEle ainda criam, apesar de palavras
aparentemente tão recheadas de devaneios, esperavam, em seu íntimo, que
o Mestre retrocedesse, dissesse que tudo não passava de força de expressão!!! Mas
Cristo, apesar da debandada geral dos discípulos que, um a um, transformavam-se
em ex-discípulos, reafirma sua postura. Não brinca! E ainda questiona os doze, os
escolhidos para serem os primeiros “técnicos em manutenção” e os “intérpretes do manual”: “Quereis vós também retirar-vos?”
As palavras de Jesus ecoariam sem resposta, pois mesmo os
mais fiéis de seus seguidores estavam atônitos. Não compreendiam a profundidade
de suas palavras. Talvez suspeitassem que o Mestre lhes sugeria a antropofagia
(vulgo canibalismo) como novo rito a ser seguido pelos adeptos do Cristianismo
nascente... A dúvida e o temor pairavam, os discípulos abandonavam a barca sem
que Jesus voltasse atrás em uma vírgula sequer!
Perdidos estaríamos não fosse nosso primeiro Papa, líder dos
apóstolos, responder intrépido: “A quem iremos nós, Senhor? Só tu tens palavras
de vida eterna!” Tamanha intrepidez, no entanto, fundamentava-se tão somente no
fato de Pedro conhecer bem o Mestre, saber de quem se tratava. Estava diante do
próprio Deus feito homem! Acreditou e seguiu sem saber direito o significado da
sugestão de Cristo (poderia se tratar de canibalismo, talvez pensasse em seu
íntimo, que ainda assim não faria o menor sentido deixar de seguir Aquele que
ele jamais vira, minimamente, errar em conduzir seu rebanho).
A história caminhou, a Igreja cresceu e a Verdade brilha
como o sol! De fato, não se tratava de antropofagia, no entanto, tamanho alarde
e incontáveis baixas no número de seguidores faz crer, piamente, que o pão e o
vinho consagrados no altar não são apenas simbólicos. A firmeza de Cristo e as consequências
de suas palavras nos fazem crer que, de fato, quando comungamos, alimentamo-nos
de seu próprio corpo e sangue. Caminhemos convictos de que na pior das
hipóteses não temos a quem seguir, porém, na melhor das ópticas, encontramos verdadeiro
tesouro na Terra! Para alimento tão sólido não haveria outras palavras senão as
ousadas e impetuosas de Nosso Senhor. Do contrário, a quem iríamos nós?
Na paz de Jesus e no amor de Maria,
Jeansley de Sousa
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