Explicaram-me que democracia era liberdade de opinião, de
expressão, de crença filosófica, religiosa e política. As possibilidades de
escolhas livres e soberanas sempre nos enchem os olhos. Animei-me! Estamos no paraíso aqui na
Terra! O povo manda, ou, ao menos, a sua maioria. Continuaram a me explicar a
tal democracia, dizendo que para que a mesma fosse perfeita e jamais atentasse
contra os valores mais sublimes da humanidade, alguns princípios deveriam ser
intocáveis: a liberdade sexual, o direito sobre o próprio corpo, a liberdade de
crer ou não em Deus, bem como a obrigação de defender alguma causa social em
tudo o que se faça na vida. Com esses novos esclarecimentos fiquei a me
questionar: como seria possível o estabelecimento de tais valores de forma
unânime (inquestionável; sem contrários) e mundial se não há unidade nos governos de diferentes nações do
planeta e muito menos igualdade de opinião entre pessoas tão antagônicas? A resposta veio a cavalo... digo, veio à TV, a jornal, a rádio, à
internet, enfim... mediante todos os meios de comunicação através de constantes bombardeios culturais. Uma liderança mundial absoluta não é possível estabelecer, mas um
conjunto de valores estipulados por um grupo ideológico que os imponha a todo o
mundo é possível sim! Organizações de âmbito internacional, imbuídas desses
ideais “sublimes”, “necessários” para que toda "democracia" possa existir, já é
uma espécie de materialização de governo mundial, com toda estrutura política, econômica e midiática possível. Vamos às conseqüências disso.
Em uma nação democrática qualquer do ocidente, o seu direito
de opinião fica limitado à possibilidade de sua opinião não contrariar certos
“valores”. Que valores? Ora, os estipulados pelo governo mundial perfeito,
onipresente e onipotente. Listo alguns: você pode agredir os valores religiosos, a
família, a tradição, os costumes; pode protestar contra o pátrio poder, contra
a “opressão” imposta pelos valores conservadores etc. Talvez responda a um ou
outro processozinho aqui e acolá, mas nada grave. Você pode ainda manifestar-se
a favor da maconha (em breve, de outras drogas), dos sem-terra, pode promover
marcha para o que achar que convenha: em defesa dos animais, da poligamia, da
zoofilia, da prostituição... enfim, sua imaginação é o limite. O Estado não
condena essas manifestações "livres e democráticas". Viva a liberdade! Mas,
cuidado! Você não pode dizer, jamais, sob pena de trucidamento psicossocial,
que acha imoral a prática homossexual, você não pode dizer nem que acha
esteticamente feio assistir a dois homens “se pegando”, por exemplo. Caso você assim
pense, pense baixo. Cale-se! É o melhor que faz, a bem do não-preconceito, do laicismo estatal e da famigerada democracia.
A expressão, a crença e a opinião não são tão livres assim. Fique
bem claro que você também não poderá dizer-se contrário ao aborto, uma vez que
tal direito (de matar seres humanos) é uma conquista da mulher moderna, cada
vez mais assentada nas diferentes culturas e nações por imposição ideológica das
“sublimes” organizações mundiais (notadamente, a ONU). Uma liberdade feminina que não pode ser
contestada, também sob pena de perseguição levada a cabo, contra você, por
minorias poderosas e organizadas quase que exclusivamente com esse “nobre” fim:
defender a “Democracia” de qualquer pessoa que pense diferente delas. Também
não ouse manifestar sua fé “em alta voz” não, ok? É a dica que dou. Pois o “Estado
Laico” obriga-te a silenciar, ou a restringir suas idéias carolas ao estrito
âmbito dos templos religiosos, não permitindo que alguém que professe alguma fé (no caso do Brasil, cerca de 90% da
população) manifeste sua opinião, a não ser que tal opinião seja diametralmente
oposta à própria fé. Caso contrário, não é uma opinião democrática, digna do
laicismo estatal, mas sim, sinal de alienação crônica, beataria infundada, nascida
de concepções medievalistas, ultrapassadas.
Após essas constatações, pude concluir que democracia, atualmente,
significa pensar e agir sob as diretrizes de pensamentos esquerdistas, já que
são os ideais esquerdistas que dominam a maior parte das culturas ocidentais (a
América Latina em peso, parte considerável da Europa e, agora, sob Obama, os
EUA também). Logo, ser democrático é ser esquerdista de corpo e alma. Erguendo
bandeiras do partido que melhor represente esses ideais e tenha mais força para
incuti-los na sociedade (no caso do Brasil, evidentemente, o PT). Caso você discorde
dos ideais do partido, deve engolir sua indignação e silenciar-se para não
ferir a “democracia”, que a essa altura do campeonato, deixou de ser pilar da
nação para ser uma espécie de filha única, exclusiva, do partido que, da
maneira mais incoerente e absurda, parece exercer seu monopólio.
Assim, em escala global, vai-se produzindo uma ditadura
sutil, cultural, quase imperceptível, sob uma falaciosa defesa dos direitos
humanos e da democracia (essa mesma que já mataram há tempos). Esse poder
global conta com representações em cada nação que a ele vai aderindo. O Brasil,
nesse sentido, é exemplar: ocupa lugar de destaque em um mundo cada dia mais
vermelho. Nossos valores são os valores da ONU, somados aos valores dos
famigerados e históricos teóricos esquerdistas, conhecidos e
louvados mundialmente (Marx, Gramsci, Lukács, Marcuse...), acrescidos ainda, aqui no Brasil, de valores provincianos de nossas
minorias organizadas, gerando uma espécie de cultura alternativa (e
imperativa), contra a qual não podem existir contrários senão silenciosos e/ou
silenciados. Enfim, o improvável aconteceu: a maioria foi esmagada pelas
minorias e a democracia, que agoniza no mundo, já morreu no Brasil!
Sofrendo com uma democracia que saiu pela culatra,
Jeansley de Sousa
Jeansley de Sousa
Muito bom
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