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3 de maio de 2012

Falaram-me de uma tal democracia...

Explicaram-me que democracia era liberdade de opinião, de expressão, de crença filosófica, religiosa e política. As possibilidades de escolhas livres e soberanas sempre nos enchem os olhos. Animei-me! Estamos no paraíso aqui na Terra! O povo manda, ou, ao menos, a sua maioria. Continuaram a me explicar a tal democracia, dizendo que para que a mesma fosse perfeita e jamais atentasse contra os valores mais sublimes da humanidade, alguns princípios deveriam ser intocáveis: a liberdade sexual, o direito sobre o próprio corpo, a liberdade de crer ou não em Deus, bem como a obrigação de defender alguma causa social em tudo o que se faça na vida. Com esses novos esclarecimentos fiquei a me questionar: como seria possível o estabelecimento de tais valores de forma unânime (inquestionável; sem contrários) e mundial se não há unidade nos governos de diferentes nações do planeta e muito menos igualdade de opinião entre pessoas tão antagônicas? A resposta veio a cavalo... digo, veio à TV, a jornal, a rádio, à internet, enfim... mediante todos os meios de comunicação através de constantes bombardeios culturais. Uma liderança mundial absoluta não é possível estabelecer, mas um conjunto de valores estipulados por um grupo ideológico que os imponha a todo o mundo é possível sim! Organizações de âmbito internacional, imbuídas desses ideais “sublimes”, “necessários” para que toda "democracia" possa existir, já é uma espécie de materialização de governo mundial, com toda estrutura política, econômica e midiática possível. Vamos às conseqüências disso.

Em uma nação democrática qualquer do ocidente, o seu direito de opinião fica limitado à possibilidade de sua opinião não contrariar certos “valores”. Que valores? Ora, os estipulados pelo governo mundial perfeito, onipresente e onipotente. Listo alguns: você pode agredir os valores religiosos, a família, a tradição, os costumes; pode protestar contra o pátrio poder, contra a “opressão” imposta pelos valores conservadores etc. Talvez responda a um ou outro processozinho aqui e acolá, mas nada grave. Você pode ainda manifestar-se a favor da maconha (em breve, de outras drogas), dos sem-terra, pode promover marcha para o que achar que convenha: em defesa dos animais, da poligamia, da zoofilia, da prostituição... enfim, sua imaginação é o limite. O Estado não condena essas manifestações "livres e democráticas". Viva a liberdade! Mas, cuidado! Você não pode dizer, jamais, sob pena de trucidamento psicossocial, que acha imoral a prática homossexual, você não pode dizer nem que acha esteticamente feio assistir a dois homens “se pegando”, por exemplo. Caso você assim pense, pense baixo. Cale-se! É o melhor que faz, a bem do não-preconceito, do laicismo estatal e da famigerada democracia.

A expressão, a crença e a opinião não são tão livres assim. Fique bem claro que você também não poderá dizer-se contrário ao aborto, uma vez que tal direito (de matar seres humanos) é uma conquista da mulher moderna, cada vez mais assentada nas diferentes culturas e nações por imposição ideológica das “sublimes” organizações mundiais (notadamente, a ONU). Uma liberdade feminina que não pode ser contestada, também sob pena de perseguição levada a cabo, contra você, por minorias poderosas e organizadas quase que exclusivamente com esse “nobre” fim: defender a “Democracia” de qualquer pessoa que pense diferente delas. Também não ouse manifestar sua fé “em alta voz” não, ok? É a dica que dou. Pois o “Estado Laico” obriga-te a silenciar, ou a restringir suas idéias carolas ao estrito âmbito dos templos religiosos, não permitindo que alguém que professe alguma fé (no caso do Brasil, cerca de 90% da população) manifeste sua opinião, a não ser que tal opinião seja diametralmente oposta à própria fé. Caso contrário, não é uma opinião democrática, digna do laicismo estatal, mas sim, sinal de alienação crônica, beataria infundada, nascida de concepções medievalistas, ultrapassadas.

Após essas constatações, pude concluir que democracia, atualmente, significa pensar e agir sob as diretrizes de pensamentos esquerdistas, já que são os ideais esquerdistas que dominam a maior parte das culturas ocidentais (a América Latina em peso, parte considerável da Europa e, agora, sob Obama, os EUA também). Logo, ser democrático é ser esquerdista de corpo e alma. Erguendo bandeiras do partido que melhor represente esses ideais e tenha mais força para incuti-los na sociedade (no caso do Brasil, evidentemente, o PT). Caso você discorde dos ideais do partido, deve engolir sua indignação e silenciar-se para não ferir a “democracia”, que a essa altura do campeonato, deixou de ser pilar da nação para ser uma espécie de filha única, exclusiva, do partido que, da maneira mais incoerente e absurda, parece exercer seu monopólio.

Assim, em escala global, vai-se produzindo uma ditadura sutil, cultural, quase imperceptível, sob uma falaciosa defesa dos direitos humanos e da democracia (essa mesma que já mataram há tempos). Esse poder global conta com representações em cada nação que a ele vai aderindo. O Brasil, nesse sentido, é exemplar: ocupa lugar de destaque em um mundo cada dia mais vermelho. Nossos valores são os valores da ONU, somados aos valores dos famigerados e históricos teóricos esquerdistas, conhecidos e louvados mundialmente (Marx, Gramsci, Lukács, Marcuse...), acrescidos ainda, aqui no Brasil, de valores provincianos de nossas minorias organizadas, gerando uma espécie de cultura alternativa (e imperativa), contra a qual não podem existir contrários senão silenciosos e/ou silenciados. Enfim, o improvável aconteceu: a maioria foi esmagada pelas minorias e a democracia, que agoniza no mundo, já morreu no Brasil!

Sofrendo com uma democracia que saiu pela culatra,
Jeansley de Sousa

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